Antes de tirar qualquer conclusão, eu tenho uma sugestão: me
pergunte. Me pergunte se eu acredito em Deus, e eu te responderei.
Não. Eu não acredito no seu Deus. Eu não acredito nesse Deus
que contam as histórias. Não acredito no Deus egoísta que causa guerras, e
mortes, e brigas, e discórdias, e pragas, e roubalheiras, e discussões. Não
acredito em um Deus que diga aos seres humanos que amem uns aos outros, mas que
crie diferenças que nos distinguem e nos fazem odiarmo-nos. Não acredito nesse
Deus popularizado, no Deus que separou a humanidade. Neste, eu não acredito.
Mas eu acredito, sim, em algo.
Acredito que não estamos aqui por acaso, e é isso que me faz acreditar. Eu
acredito em um Deus, ou uma força superior, ou um espírito, chame como quiser.
E esse Deus em que acredito está presente em todas as coisas. E mais, eu
acredito que este (esta, isto) está
presente na natureza, e o sinto quando vejo o Sol, a Lua, o vento, e todas as
paisagens maravilhosas desse mundo. Acredito que este Deus seja amor, e carinho,
e compaixão, e solidariedade, e que seja a alma de todas as pessoas boas nesse
mundo, e que seja o universo todo, e tudo de bom que temos conhecimento de
existir.
E que diferença faz como o chamo? Posso chamá-lo de Deus,
assim como posso chamá-lo de Maomé, ou Alá, ou Buda, ou Isis, ou Afrodite (por
que não?).
Eu acredito nisso porque eu sinto isso. E não preciso ler um livro complicado, ou pagar o
dízimo, ou ir à igreja, ou rezar de joelhos, ou odiar aos homossexuais e a
outras religiões, ou seguir regras estúpidas. Não preciso ter medo de ir para o
inferno, eu não preciso acreditar no
inferno ou no céu, ou em anjos e demônios, Adão e Eva. Não preciso me denominar
cristã ou mulçumana ou budista ou espírita, eu só preciso acreditar. EU. A-CRE-DI-TAR. Porque fé e crença são coisas que só
podem partir de dentro de mim, e ninguém, ninguém
mais pode me dizer como ou em quem acreditar, porque não funciona assim.
Agora, se isso é muito chocante, vamos lembrar de um
detalhe:
Cada pessoa modifica sua própria religião da maneira que
melhor lhe convém. Sua religião diz a você que vá à igreja toda semana, mas
você não vai porque não tem tempo. Sua religião diz a você que pague o dízimo,
mas você não paga, pois precisa do dinheiro. Sua religião te diz para usar saia
comprida, nunca cortar o cabelo, ou passar de porta em porta nos finais de
semana, mas nos fins de semana você gosta de descansar! Sua bíblia diz que
trair é pecado... ops.
As pessoas costumam retirar e acrescentar aquelas partes de
sua doutrina religiosa que tornem sua “fé” mais simples. Existem cristãos que não têm o menor problema
em aceitar homossexuais, e isso não abala a sua fé, assim com existem outros
que não aceitam, e usam as palavras de seu Deus como justificativa. Ou, ainda,
as pessoas que não vão à igreja pensam que Deus não vai se importar com isso,
desde que elas continuem acreditando, porque acreditar é mais importante que ir
à igreja. Isso soa certo para você, mas errado para aquele outro crente que
frequenta a igreja toda semana.
Cada um faz a sua fé. Eu faço a minha do meu modo. E mesmo
se não fizesse, e se escolhesse simplesmente não acreditar, isso diria respeito
apenas a mim. Agora, uma pergunta: isto me torna uma má pessoa? O fato de eu
não acreditar no seu Deus, mas acreditar no meu
Deus, em um Deus que eu considero
justo e igualitário, isso me torna uma má pessoa?
Eu acho que não.
Os tempos mudaram. É de suma importância entender isso.
E, o mais importante de tudo: respeitar. E sempre, sempre perguntar antes de qualquer coisa.
Laís S.
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