“Você é linda, sua velha rabugenta, e se eu pudesse te dar um só presente para o resto da sua vida seria este. Confiança. Seria o presente da Confiança. Ou isso ou uma vela perfumada.”
Um Dia acabou, de alguma forma, sendo o oposto do que eu imaginava. Não sei bem o que eu imaginava, para ser sincera, mas eu tenho muita e pouca coisa a falar desse livro ao mesmo tempo.
O livro conta a história de dois melhores amigos durante vinte anos (1988 - 2007), narrando o que acontece todo ano apenas no dia 15 de Julho em suas vidas.
À primeira vista, desde que cheguei na metade do livro minha vontade era começar essa resenha com "péssimo livro, não comprem essa porcaria!". Mas agora é diferente. O final me pegou desprevinida, e depois que terminei o livro e assisti o filme, e depois de pensar muito sobre a história durante dois dias inteiros antes de escrever essa resenha, eu acabei entendendo o significado de tudo.
Na resenha de A Garota Que Eu Quero eu disse que gostava de livros que retratavam verdadeiramente a realidade. David Nichols quase me fez retirar o que disse com Um Dia. O livro em si conta apenas e simplesmente a história de uma vida (ou melhor, duas.) Emma Morley e Dexter Mayhew.
Uma das coisas que me fez odiar o livro durante uma boa parte da leitura, foi que Dexter é um completo babaca durante a história toda. Ele é nojento, sem escrúpulos, idiota, burro e insensível. Toma sempre as decisões erradas e acha que o mundo gira em torno de si. Já Emma é basicamente eu, e esse é um dos motivos pelos quais ela é minha preferida. Mas Emma é boa demais e inteligente demais e aceita as coisas quieta demais. Ela passa a história inteira recebendo muito menos do que merece, e isso me tirou do sério. Seja estando com um homem com quem não ama, ou perdendo anos em um emprego que a faz infeliz, ou estando sem emprego e sem homem nenhum e se sentindo depressiva e solitária. Emma é boa demais e ela merece muito mais do que isso, mas sua vida inteira se resume a restos.
Enquanto parece que Dexter nunca vai aprender e vai ser sempre o mesmo babaca de sempre, Emma está sempre lá aceitando as burradas que ele faz e apoiando-o em tudo. E justo quando ela está finalmente recebendo um pouco do que a vida tinha a lhe oferecer de bom, Dexter ferra tudo na vida dele e acaba por precisar dela de novo.
Sobre os personagens, minha opinião final é que: como Ian Whitehead diz em uma parte do livro, "ela [Emma] sempre foi demais para você [Dexter]" e apesar de no final das contas Dexter acabar finalmente fazendo a coisa certa (isso é, lá na última página do livro), Emma ainda teria sido demais para ele.
“… Viver cada dia como se fosse o último – esse era o conselho convencional, mas na verdade quem tinha energia para isso? E se talvez chovesse ou você estivesse de mau humor? Simplesmente não era prático. Era bem melhor tentar ser boa, corajosa, audaciosa e se esforçar para fazer a diferença. Não exatamente mudar o mundo, mas um pouquinho ao redor. Seguir em frente, com paixão e uma máquina de escrever elétrica e trabalhar duro em… Alguma coisa. Mudar a vida das pessoas através da arte, talvez. Alegrar os amigos, permanecer fiel aos próprios princípios, viver com paixão, bem e plenamente. Experimentar coisas novas. Amar e ser amada, se houver oportunidade…”
A narrativa é um pouco cansativa, e pulei vários parágrafos de conversa fiada e de detalhes sobre o cenário, coisa que eu raramente faço em livros de Dan Brown, por exemplo. Por isso que digo que a narrativa é tudo em uma história.
O final me surpreendeu (e isso pode ser uma coisa boa ou não), e por um tempo cheguei a me afastar do livro e me recusar a ler mais. Depois que finalmente acabei, de início eu pensei várias coisas como "esse livro não teve sentido nenhum. Só contou a história de uma vida exatamente normal como a da maioria das pessoas que eu conheço. Nada glamuroso. Nada digno de Hollywood. Nada especial. Eu perdi tempo com isso. Podia estar lendo algo mais interessante." Mas aí, depois de assistir o filme, as coisas ficaram um pouco mais claras. David Nichols não foi tão mal, na verdade. Sua intenção nunca fora contar um romance à altura de Nicholas Sparks com alguma doença ou algum soldado de guerra ou algum cachorro (?) especial. Também não era um Titanic ou um "A Culpa é Das Estrelas". Não. David Nichols contou apenas e simplesmente a história de duas vidas comuns, completamente normais. Um romance "à la vida real." Cheio de altos e baixos e de tristezas e felicidades, e de decepcões e voltas por cima. Na verdade, é até meio genial se você conseguir ver a pureza da coisa.
Mas se eu precisasse avaliar o livro Um Dia, eu o classificaria como bom. Cinco estrelas. Não dez, nem duas, apenas cinco, meio termo. É que você acaba esperando algo mais Hollywoodiano com a resenha e com a capa, e acaba encontrando muitas burradas e desencontros e parágrafos grandes demais sobre a decoração do pub onde Dexter está ficando bêbado (de novo).
No final das contas, eu acabei decidindo que esse eu vou aprovar também. Afinal, nem todo mundo pensa como eu. Algumas pessoas têm uma paciencia maior do que a minha e uma compreensão maior também. Então, vai fundo. Se você quer algo mais adulto do que John Green e totalmente o oposto de clichê tipo Nicholas Sparks, provavelmente vai gostar de Um Dia.
(Porém, eu ainda indico que assistam ao filme, ele é menos cansativo.)
Espero que isso tenha ajudado.
Obs: foi esse video do Literalmente Vlogando que me fez criar interesse no livro, assista.
Laís S.
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