Resenha do livro: Insurgente


“Ardendo e borbulhando dentro de mim, há o desejo de viver.”

Terminei o segundo livro da série Divergente, de Veronica Roth, há alguns minutos atrás e, para que as palavras não fugissem de minha cabeça, decidi apressar-me em escrever minha resenha.

Há alguns meses escrevi a resenha do livro vs. filme de Divergente, e a conclusão foi que apesar de a história me agradar (principalmente pelo gênero parecido com Jogos Vorazes de crítica ao governo e ação), alguns pontos me decepcionaram em questão de roteiro. Em Divergente, os cenários mudam muito pouco, e eu lembro de me perguntar diversas vezes ao longo do livro se a história explorava apenas a iniciação de Tris na facção da Audácia e o começo do romance entre ela e Quatro, ou Tobias. Porém, o pequeno ápice de ação no final do livro me mostrou a capacidade de Veronica em prender os leitores em uma mistura de ânsia e curiosidade.

Em Insurgente, essa ânsia e curiosidade são maximizadas ao extremo.  Lembro-me de fazer a comparação, em minha cabeça enquanto lia, com uma boa partida de vôlei Brasil vs. Rússia, em que cada jogada acelera o coração, em que a bola demora a cair, e te faz sentar na pontinha do sofá e apertar as mãos no colo com os olhos fixos na TV. Insurgente é um mergulho em adrenalina pura, e em minha opinião, um milhão de vezes melhor do que Divergente.

“A tristeza não é tão pesada quanto a culpa, mas rouba mais de nós.”

O primeiro livro, apesar de curioso e interessante, é literalmente apenas um resumo ao mundo onde os personagens vivem, um resumo ao começo da vida de Tris, onde ocorrem seus traumas e perdas aos que ela se apega (até demais) em Insurgente. Já o segundo livro nos leva a conhecer Beatrice Prior em um nível muito mais profundo. Conhecer todas suas ânsias e medos, todos os seus traços, traumas, manias, o modo de pensar, de agir, de existir. Nos leva até a entender, literalmente, como seu cérebro funciona.

Dois fatos que mais me agradaram ao longo do livro foram os seguintes: desde Divergente o romance de Tris e Tobias não demora a acontecer, não há aquela enrolação toda, e assim como em Harry Potter, diferentemente de Jogos Vorazes, Crepúsculo e outras sagas, o romance dos personagens principais não é o ponto principal da história. Sim, estou listando um fato que gostei mais em Divergente do que gosto em Jogos Vorazes. É inédito.

O outro fato que gostei, foi que em Insurgente, em pleno segundo filme e metade da história da trilogia, o inimigo que parece ser o principal, mais temido e odiado, é simplesmente derrotado (!!!!!!!!!!) dando forma a um novo e maior inimigo até o momento escondido bem debaixo do nariz de todos. Foi sim uma jogada parecida com Snow/Coin e a semelhança se encaixou em minha cabeça no mesmo momento, mas ao mesmo tempo, as duas histórias são totalmente diferentes e não há como alegar plágio.

Sim, preciso me retratar em relação ao post sobre Divergente: Agora que li Insurgente admito que estava errada em relação à semelhança com Jogos Vorazes. Além do tema “crítica ao governo” do qual tanto gosto, não há mais semelhança alguma. As duas trilogias são totalmente diferentes, apesar de terem alguns pontos tão parecidos.

Como já disse antes, Tris se tornou minha personagem favorita em todas as sagas e trilogias. Em Divergente o que mais me agradava nela era sua coragem e audácia. Em Insurgente, novas características dela surgiram,  das quais eu gostei da maioria, como seu incrível altruísmo e, obviamente, a sua divergência, a sua incapacidade de ser controlada, de pensar como os outros, seu jeito desconfiado de tudo, a mania de ir pelo caminho contrario ao de todos. É claro que, como todos os protagonistas, Tris também tem seu lado pé-no-saco-insuportável-que-dá-umas-mancadas, mas a maior parte de sua atuação na história foi inteligente e essencial.

“Acho que choramos para liberar nosso lado animal, sem perder a humanidade.”
Em relação à escrita de Veronica Roth tenho muito a dizer. Resumidamente, ela me agrada e me intriga. Me intriga mais do que tudo porque, principalmente, Roth tem um método de escrita tão simples que me faz pensar que posso me comparar a ela. Nada de palavras muito difíceis, e na maioria das vezes sua narração de cenários é muito confusa. Mas ao todo, o livro é muito bem escrito, apesar de incrivelmente simples, o que chega a beirar a “inexperiência”. É uma coisa que gosto e estranho ao mesmo tempo, acostumada à escrita de Dan Brown que sou. Mas Roth conseguiu com que eu me sentisse na pele de Tris. Senti vontade de morrer com Beatrice quando ela queria morrer, e senti a ânsia por viver novamente quando ela o sentiu.

“É exatamente assim que me sinto: recompondo as partes diferentes de mim mesma, como se as puxasse para dentro do meu corpo como um cadarço. Sinto-me sufocada, mas pelo menos me sinto forte.”
Ainda não li Convergente, mas estou ansiosa, apesar de já ter recebido o maior dos spoilers sobre o destino da protagonista. O final de Insurgente ainda está fresco e muito confuso em minha cabeça, eu realmente não entendi o que acontece no fim, mas tenho uma pequena noção do que seja. Sinto um comichão similar ao que senti no final de Em Chamas, e pensei que não fosse mais sentir com outra saga. Estou ansiosa, mas pretendo esperar a adaptação de Insurgente para o cinema antes de ler o final dessa trilogia.

                                                                                                                                                  

                                                                                                                                                   Laís S.

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