Resenha do livro: Amor em Jogo, Simone Elkeles


Eu me pergunto se é médicamente possível ser viciado em outro ser humano.

Escolhi este livro ao acaso na Saraiva quando fui comprar If I Stay e sobrou grana para outro livro. Eu fiquei entre ele, Eleanor & Park, de John Green  e outro livro do qual não lembro exatamente o nome, apenas sei que havia a palavra "fangirl" no meio e, basicamente, de acordo com a sinopse, a protagonista tinha MUITO de mim.

Ainda me pergunto se não devia ter escolhido um dos outros dois, mas acredito que cada livro lido, por melhor ou pior que seja, vale a experiência. (Exceto por clássicos da literatura brasileira. Eu quis arrancar meu cérebro quando tentei ler Iracema. Realmente, não nasci para ser fã desse tipo de clássicos).

O que aconteceu foi o seguinte: Pouco antes de comprar ele e Se Eu Ficar na Saraiva, eu havia pego emprestado A Revolução dos Bichos, de George Orwell, com um colega e o estava lendo. Então, comecei a ler Amor em Jogo e, quando estava na metade, o Se Eu Ficar chegou na loja (eu havia encomendado do estoque) e no dia em que eu fui buscá-lo não me aguentei e comecei a ler também. Aconteceu que eu estava lendo três livros ao mesmo tempo, coisa que raramente faço por ir contra minhas regras obsessivas de ler um livro de cada vez. Terminei Se Eu Ficar primeiro para poder assistir o filme antes de sair do cinema e fazer a resenha dos dois (coisa que ainda não fiz) e, no dia seguinte (hoje), terminei Amor Em Jogo. Agora vou focar em A Revolução dos Bichos.

Voltando ao livro de Simone Elkeles...

Expectativas fazem as pessoas infelizes, então seja qual forem as suas, reduza-as. Você definitivamente será mais feliz.

Resenha:
Este livro conta basicamente e de uma maneira um tanto clichê uma história de amor adolescente entre Ashtyn Parker, uma garota bonita, inteligente e durona, capitã do time de futebol americano masculino do colégio onde estuda e, até então, namorada do quarterback do time. Ashtyn é acostumada a ser abandonada por todos (começando pela própria mãe) e, por esse motivo, não se envolve demais com ninguém. E Derek Fitzpatrick, o típico personagem à lá Augustus Waters (só que não) que existe para apaixonar as leitoras (o que quase nunca se aplica a mim, sorry). Derek é um texano rebelde e "caipira" (de acordo com Ashtyn), irônico, com humor ácido e sarcástico, que por debaixo de tudo esconde a tristeza e as marcas da morte de sua mãe.

Desde a primeira vez que se vêem, existe aquela já conhecida relação de ódio, vista tantas vezes nos filmes americanos, em que há um primeiro contato desastroso entre os dois e desde esse momento eles começam a se evitar e fingir que não se suportam. Ambos estão passando por situações difíceis: Ashtyn passa por problemas com o namorado, que não lida muito bem com a ideia de a namorada ter tomado seu cargo de capitã do time, sem contar os problemas familiares, como seu pai ausente e sua irmã mais velha, Brandi, que volta para casa depois de anos com o filho de oito anos e o enteado (que acontece de ser Derek). Derek, por sua vez, foi expulso do colégio interno onde estudava por passar um trote na formatura dos veteranos antes das férias, e como seu pai é da marinha e está em uma missão de seis meses no meio do Pacífico, Derek tem que se mudar com a madrasta para a casa do pai dela, em Freemont, perto de Chicago.

Os dois se apaixonam gradativamente, enquanto conhecem mais as características um do outro (que, diga-se de passagem, a autora adora ressaltar). Depois de muitos dramas, fatores e rolos do tipo "eu não posso me meter em um relacionamento com uma garota que espera demais de um namoro" e "é claro que ele não gosta o suficiente de mim, porque se gostasse, ficaria comigo", a história se desenrola com o famoso "reviravolta no terceiro ato" e um grandioso ato de amor e blá blá blá.

Sobre a escrita:


Se há uma coisa que eu aprendi, é que ninguém está aqui para sempre. Você tem que viver o momento, todo e cada dia... O aqui, o agora.

Não fiquei muito impressionada com o livro nesse quesito. Quer dizer, a escrita é boa (sem contar os péssimos erros de edição do tipo gramática, pontuação e palavras escritas erradas que eu culpo totalmente a escrotisse do trabalho mal feito da editora). Uma coisa legal é ser narrada ora por Ashtyn e ora por Derek, deixando visível os dois pontos de vista. Não tem aquelas palavras difíceis que dão a ideia de que a escritora tem PhD e sabe o que está fazendo, mas isso até que é legal. Nem todo escritor precisa ter uma escrita séria como Nicholas Sparks. Só que o enredo da história em si tem muitas características de fanfics (coisa da qual eu entendo totalmente), como cenas desnecessárias, daquele tipo que a autora imaginou que era fofinho e resolveu botar só pro livro ficar maior. No geral, achei um tanto "amador" para um livro. Mas isso também torna a história mais "leve" e mais fácil de ler para algumas garotas. Porque, no geral, a história rola exatamente como garotas que necessitam de um final feliz e clichê esperam.

Sobre os personagens:

Para ser bem sincera, em meu ponto de vista, assim como Augustus de ACÉDE, Derek tem aquele tipo de personalidade programado para fazer os leitores rirem, se identificarem e caírem de amores. A diferença é que Augustus foi um dos pioneiros nessa área, um dos "originais", e Derek me pareceu meio forçado. Mas ele também me agrada. Algumas coisas da narração dele são bem engraçadas e me fizeram dar boas risadas, porque imagino que seja daquele modo que a cabeça dos garotos funciona mesmo.

Algo que me agradou muito foi o fato de Ashtyn ser capitã de um time masculino de futebol americano, o esporte mais pesado de todos, aquele que todo mundo diz que não é coisa de mulher. Como uma boa feminista que sou, adorei as partes do livro que focam na força de vontade de Ashtyn em ser a melhor, em não ligar para a opinião dos outros e provar a todos que mulheres podem tanto quanto homens fazer o que quiser. Também é muito legal a amizade e o laço dela com seus amigos do time, brutamontes grandalhões, moleques engraçados e de bom coração que são capazes de enfrentar tudo para proteger a garota.

Meu personagem preferido é a avó de Derek, uma velha rica, solitária e rabugenta e com um quê de "Gandalf" sabe tudo e que, superando minhas expectativas, se mostrou uma pessoa boa e engraçada.

Agora, sobre o fator mais decepcionante do livro: O final.

Geralmente eu odeio finais de livros por uma razão: ter um fim sem fim, decepcionante, não acabar como o esperado, faltar uma parte, deixar um buraco, necessitar de uma continuação e etc. Sobre Amor em Jogo, o final é tão corrido que perde o sentido. É literalmente como um filme de comédia romântica daqueles mais clichês em que você já sabe como vai acabar quando assiste o começo. Só que passado em fast motion. Quando eu percebi, o livro acabou e eu já estava lendo os agradecimentos com a cabeça meio "?????? Sério??? Até eu faria um final mais consistente!". Tipo assim, o final ficou bem claro, mas muito mais ou menos. Era como se Simone Elkeles não aguentasse mais escrever aquilo e então, num belo dia, acordasse e dissesse "vou terminar essa droga hoje e vou fazer isso em apenas três páginas!". É, isso foi bem decepcionante.

- Você é dona de uma parte de mim - ele murmura enquanto me leva para frente. 
- Que bom - digo a ele. - E é bom ficar sabendo... Não vou devolver. 

Não pretendo comprar outros livros da saga Wild Cards, mas nunca se sabe, talvez um dia eu canse de livros mais consistentes e tenha vontade de adicionar um romance previsível à estante.

Minha conclusão final é que Simone Elkeles se mostrou bem previsível em Amor Em Jogo, não que isso seja ruim. Só é... chatinho, às vezes. Mas o livro entretém, é engraçado, tem personagens legais e, no geral, termina de um jeito bom. Bom demais, mas ainda vale. De um a dez eu dou um seis. Se você gosta de fanfictions intermediarias provavelmente vai gostar deste livro.


 P.S: A resenha de Se Eu Ficar - livro + filme provavelmente será postada ainda essa semana.


                Laís S.


2 comentários:

  1. Disse tudo. Amador e final sem noção..
    a história seria boa e bem trabalhada . E tudo acontecia rápido demais pobre de detalhes.
    Eu até gostei mas não vou ler de novo tão cedo.

    ResponderExcluir
  2. Gostei da sua forma de descrever o livro segundo o seu ponto vista,realmente sincero sem todo aquele blá, blá que a maioria das blogueiras fazem só para no final dizer que o livro é "perfeito, encantador etc" você foi simplesmente realista e ADOREI!

    Tirou um pouco minha empolgação para ler então ao próximo livro.

    ResponderExcluir